Topo

“Retratos Brasileiros” acompanha 11 eleitores indecisos de 2010 por 4 anos

Mauricio Stycer

26/07/2014 01h30

retratosbrasileirosA GloboNews está exibindo desde o início desta semana uma série original, na qual tenta mostrar como grandes questões  estruturais do país, como segurança, educação, previdência e saúde, afetam o cotidiano de diferentes pessoas.

Jornalistas da Globo acompanharam por quatro anos 11 eleitores que, na condição de indecisos, participaram do último debate presidencial de 2010, entre Dilma Rousseff e José Serra, exibido pela emissora.

Entre o final de 2010 e o primeiro semestre de 2014, cada um destes 11 eleitores recebeu oito visitas de equipes da Globo, uma média de duas por ano. Trata-se de um esforço jornalístico, até onde eu sei, inédito no Brasil.

Os repórteres tentam mostrar como as preocupações que os eleitores tinham em 2010, expostas nas perguntas que fizeram, se refletiram em suas vidas e nas de suas famílias nos anos seguintes.

Como o título da série já diz, "Retratos Brasileiros" não se propõe a fazer um exercício sociológico, buscando apontar tendências ou sugerir conclusões de maior alcance. O programa se limita – e é daí que extrai o seu maior interesse – a exibir perfis pessoais, mesclados com dados reais sobre os problemas que enfrentam.

Exibidos os cinco primeiros programas, o resultado é muito impressionante. O caso mais dramático é o da costureira de Fortaleza, que vive em um bairro extremamente violento da cidade e não consegue, nestes quatro anos, melhorar de vida para deixar o local.

As outras histórias, em sua maioria, são mais edificantes. Há o pequeno comerciante de Recife, que progride a ponto de tirar os seus funcionários da informalidade. Ou o funcionário público em Porto Alegre, que não seguiu o trabalho agrícola do pai e quitou o imóvel próprio. Ou, ainda, o vendedor de Curitiba, que viu a vida melhorar significativamente nos últimos anos.

Ao mesmo tempo, "Retratos Brasileiros" mostra como alguns problemas relatados nas perguntas feitas no debate presidencial de 2010 não se modificaram, ou evoluíram pouco. Certamente, serão temas da eleição de 2014.

Cada documentário tem 23 minutos. Vai ao ar de segunda a sexta, às 19h30, na GloboNews. Merecia um lugar na TV aberta.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.