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Longo e sem foco, “Arena SBT” acerta com as imitações de Porpetone

Mauricio Stycer

09/03/2014 02h29

ArenaSBT

Em ano de Copa do Mundo, o SBT estreou na noite de sábado (08) um programa de auditório de duas horas sobre esportes, área que sempre negligenciou. Como outros programas de rádio e TV já fizeram, o "Arena SBT" tenta misturar humor, música e jornalismo com um time fixo e atrações convidadas.

arenasbtequipeA equipe é formada por dois comediantes (Alexandre Porpetone e Marcelo Smigol), um radialista (Thomaz Rafael), um ex-jogador de futebol (Edmilson), uma jurada do "Programa Silvio Santos" (Lívia Andrade), uma repórter (Juliana Franceschi) e um personagem chamado Gavião, que fica escondido em uma cabine.

No programa de estreia, o ex-presidente do Corinthians Andres Sánchez foi entrevistado por Roberto Cabrini, e fugiu de todas as questões sérias que o repórter fez. Smigol visitou o Itaquerão, mas preocupou-se mais em gritar e fazer micagens do que em mostrar como é o estádio da abertura da Copa.

Livia Andrade visitou o estádio do Juventus, na rua Javari: "Come pelo lado grosso ou pelo fino?", perguntou antes de morder um cannoli. "De quatro é mais gostoso?", questionou depois que o time da casa marcou o quarto gol.

Atirando em todas as direções, o programa levou Edmilson à casa de Cafu, que mostrou seus troféus, exibiu uma reportagem sobre a seleção feminina de handebol, outra sobre a prática de bocha e, ainda, acompanhou a ida de um menino de 10 anos ao Pacaembu para ver o jogo do seu time de coração, o Palmeiras.

Não bastasse, a atração também apresentou uma reportagem sem sentido sobre um sujeito que corre plantando bananeira e, no auditório, contou com o músico Gabriel, o Pensador.

Muito longo, com um auditório histérico, "Arena SBT" serviu especialmente para mostrar o talento de Porpetone como imitador. Ele apresentou versões da presidente Dilma, dos técnicos Felipão (a melhor de todas) e Joel Santana, dos ex-jogadores Ronaldo e Neto e do narrador Galvão Bueno.

Porpetone também apresentou um quadro surreal, "Central da Cópia", no qual reproduziu de forma tosca o aparato tecnológico usado pela Globo no intervalo das partidas (imagem no alto). Em vez de um campo virtual, o "Arena SBT" mostrou uma mesa de pebolim (totó), ocupada por anões.

Falando de Belo Horizonte, o ex-jogador Dadá Maravilha previu sobre o novo programa: "Se o Silvio Santos aprovou, é sucesso." Nem preciso dizer que ainda falta muito para isso.

Se me permitem uma sugestão, o "Arena SBT" poderia ser mais curto. A ausência de foco é até compreensível num primeiro momento, mas não seria má ideia a equipe refletir sobre o que pretende exatamente com o programa.

Em tempo: O programa marcou 3 pontos no Ibope na estreia, menos do que a emissora registrava no horário com "Casos de Família" e filmes. Veja mais aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.