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Desgastado, mas ainda divertido, “Aprendiz” tentará se reinventar em 2014

Mauricio Stycer

11/12/2013 06h01

A nona edição do "Aprendiz" mostrou que o reality show da Record ainda é capaz de divertir, mas os baixos índices de audiência sinalizaram que o público parece não estar mais interessado nele. A decisão da Record, confirmada ao final do programa, de promover uma versão com celebridades deixa claro que ainda há confiança e interesse no formato, desde que ele seja reinventado.

O fato de o anúncio da vencedora, Renata Tolentino, ter ocorrido já de madrugada, à 1h15 de quarta-feira (11), dá uma boa ideia dos problemas que o "Aprendiz" enfrentou em 2013. Começando sempre por volta das 23h30, depois de uma novela, "Pecado Mortal", que também não está indo bem no Ibope, não tinha como alcançar números muito altos.

Também pesou, creio, o empobrecimento da produção. O "Aprendiz" seduzia com os prêmios que oferecia ao grupo vencedor de cada tarefa, incluindo viagens internacionais, mas este ano, devido ao enxugamento de custos da Record, ofereceu recompensas mixurucas, como o ingresso para ver um show de stand-up em São Paulo.

Tenho dúvidas, também, se promover a volta de ex-candidatos foi uma boa ideia. Pode ter passado para parte do público a ideia de "déjà vu", de um programa velho. E, de fato, poucos candidatos mostraram algo diferente do que vimos em suas participações originais.

Já a volta de Roberto Justus ao comando da atração se revelou um acerto. Sádico, como sempre, fez a alegria do público fiel. As suas decisões na sala de reuniões, misturando tiques nervosos, termos em inglês e auto-ajuda empresarial, foram mais uma vez o ponto alto do "Aprendiz".

Walter Longo, no papel do fiel escudeiro, segue impecável. Renato Santos, o consultor do Sebrae, levou a sério demais a função, na minha opinião. Em compensação, as trapalhadas cometidas pela maioria dos candidatos em quase todas as provas contribuíram, e muito, para a diversão do público.

O mix permanece infalível e tem tudo para funcionar na versão com famosos. Basta selecionar direitinho o grupo de abnegados sem noção e sem medo do ridículo que vai nos divertir em 2014.

Em tempo: A final registrou apenas 5 pontos no Ibope, um índice bem baixo,  próximo da média que o programa teve ao longo de toda a edição. A final da edição anterior, o "Aprendiz 8", em 2011, marcou 7 pontos. O melhor resultado em uma final, a do "Aprendiz 5", em 2008, foi de 17 pontos.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

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