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Se “Lado a Lado” agrada aos gringos, quem sabe não é hora do brasileiro ver

Mauricio Stycer

26/11/2013 13h47

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A escolha de "Lado a Lado" como melhor novela no Emmy Internacional é um desses raros momentos em que o conhecido complexo de inferioridade do brasileiro em relação ao estrangeiro pode ter uma consequência positiva.

Como se sabe, a novela de Claudia Lage e João Ximenes Braga, exibida entre setembro de 2012 e março de 2013, foi um fracasso de audiência – a mais baixa do horário das 18h30 até hoje.

Aproveitando o respeito exagerado que costumamos ter pelo que pensam sobre nós lá fora, o prêmio oferece a oportunidade de tentar entender o que os gringos viram na novela que os espectadores brasileiros não viram.

Ambientada entre 1907 e 1910 na então capital da República, "Lado a Lado" tratou de diversos episódios históricos dramáticos, como a Revolta da Chibata, mostrou o desenvolvimento da primeira favela do Rio, expôs o preconceito de parte da elite diante dos negros livres da escravidão e descreveu a luta das mulheres pela emancipação numa sociedade machista.

Não vou aqui repetir os muitos elogios – e as poucas restrições – que fiz sobre a novela ao longo da sua exibição (deixo alguns links abaixo, caso o leitor se interesse). Espero que "Lado a Lado" ganhe uma segunda chance, no "Vale a Pena Ver Novo" ou no canal Viva, de modo que possa ser conhecida por um público maior.

Sobre a novela
Uma ótima novela em busca do seu público
A regra do jogo 
"O Rio civiliza-se" 
Final não combina com o que "Lado a Lado" mostrou em seis meses 
O negro no futebol brasileiro e na novela

 

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.