Por que uma novela boa como Pecado Mortal bate recordes negativos de Ibope
Exibidos os primeiros nove capítulos de "Pecado Mortal", planejava escrever sobre as qualidades que enxergo na trama de Carlos Lombardi, mas a baixa audiência da novela, com índices oscilando entre 6 e 8 pontos, me obriga a tentar refletir sobre o que pode estar não funcionando.
Na verdade, me pergunto se o problema não é justamente o que "Pecado Mortal" tem de melhor, ou seja, o seu texto. Inteligente, irônico e ágil, sem ser didático, exige atenção permanente do espectador. Sem fazer concessão ao politicamente correto, descreve de forma crua um mundo em que basicamente se luta por poder, dinheiro e sexo.
Depois de um rápido prólogo em 1941, a trama de Lombardi se passa em 1977, no Rio de Janeiro. Até o momento, o foco principal da história é a relação conflituosa de duas famílias, uma comandada por um italiano, outra por descendentes de árabes, pelo controle do jogo do bicho na cidade.
Também ocupa um lugar central na história a polícia, dividida entre a inoperância e a corrupção, e há ainda a Justiça, representada por uma promotora determinada, sem medo de enfrentar os inimigos da lei, onde eles estiverem.
Além disso, Lombardi já lançou várias iscas. O mocinho Carlão (Fernando Pavão), casado com a promotora Patricia (Simone Spoladore) tem um mistério ainda por esclarecer. A implacável corregedora da polícia, Das Dores (Denise del Vecchio), convive com dois sobrinhos picaretas. A enfermeira Laura (Carla Cabral), à noite faz strip-tease, tudo em nome da criação do filho. O advogado de um dos bicheiros, Vergueiro (Eduardo Lago), tenta convencer a filha Leila (Juliana Didone) a casar com o filho do seu cliente. E por aí vai.
Além da dubiedade de muitos personagems e dos diferentes dramas familiares, como não poderia faltar numa novela de Lombardi, há um desfile de mulheres bonitas e homens sem camisa. "Pecado Mortal", em resumo, tem todos os ingredientes para agradar. Por que não está?
A novela da Record tem enfrentado alguns problemas. Primeiro, herdou uma baixa audiência do folhetim que a antecedeu no horário, "Dona Xepa", trama infantil, própria para a faixa das 18h. Segundo, a Globo alterou nas últimas semanas o horário de encerramento de "Amor à Vida", estendendo-a até 22h30 ou depois. Terceiro, ainda que de bom nível, tanto a produção quanto a direção, por dispor de menos recursos e experiência, ainda não atingiram o padrão de qualidade da rival.
Por fim, eu diria que, na comparação com "Amor à Vida", a trama das 21h da Globo, "Pecado Mortal" é uma novela muito mais adulta – não apenas pelo tema e pelo texto, mas pelo que exige de reflexão do espectador.
Veja abaixo uma entrevista que fiz com Carlos Lombardi para o programa "UOL Vê TV", na qual ele fala do processo que o levou à Record, depois de décadas na Globo, e sobre as suas intenções com "Pecado Mortal".
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