Topo

Mergulho na intimidade de Naldo e Moranguinho não eleva Ibope do Faustão

Mauricio Stycer

30/09/2013 15h15

Vestindo uma magnética jaqueta roxa, Faustão exibiu por quase 40 minutos, neste domingo (29), cenas dos bastidores do casamento do cantor Naldo com Ellen Cardoso. O investimento não teve maior impacto na audiência, mas expõe, mais uma vez, as dificuldades enfrentadas pelo principal programa de auditório da TV diante da acirrada concorrência dominical.

Apresentado como "o rei do funk brasileiro", Naldo faz sucesso com músicas que apresentam uma versão mais leve, desidratada, deste estilo musical. É o chamado "funk melódico", acessível, como disse Faustão, "para todas as idades, para todas as classes, todos os sexos".

De origem humilde, o cantor aproveitou o casamento para celebrar e exibir os frutos do sucesso recentemente alcançado. "O Brasil vai saber todos os detalhes de um dos momentos mais felizes e importantes da vida dele", prometeu Faustão, que também repetiu várias vezes: "Você vai saber tudo sobre o casamento do ano".

Para supresa de Faustão e sua equipe, imagino, o Ibope mostrou que o Brasil não estava interessado em saber tantos detalhes. O "Domingão" registrou audiência de 17 pontos – um ponto a mais que na semana passada e quatro a menos que o seu melhor resultado no ano. Pior, por 10 minutos, o programa perdeu para "O Melhor do Brasil", de Rodrigo Faro, na Record, que teve média de 9 pontos.

Autorizado, o "Domingão" foi fundo na exibição tanto da intimidade (o banho de espuma da noiva, por exemplo) quanto nos detalhes da ostentação. A festa para 500 convidados exigiu uma equipe de produção de 560 pessoas, detalhou a auxiliar Carol Nakamura. E mais: 15 mil salgadinhos (entre os quais mil coxinhas), 4,5 mil doces, 280 garrafas de espumante, 46 de uísque e 50 de vodca. "A verdade é: seja fazendo sem dinheiro nenhum numa laje, seja fazendo com dinheiro, dá trabalho do mesmo jeito", observou Faustão. "A intenção era fazer algo nosso, para os nossos amigos e família, com a nossa verdade", explicou o cantor.

Tamires, apresentada como uma moça da plateia, teve o direito de fazer uma pergunta: "Gostaria de saber se na noite de núpcias você utilizou o que você coloca nas suas músicas: chantili, morango, essas coisas?" Naldo: "Isso eu não usei só na noite de núpcias. Isso a gente usa quase que diariamente."

Ellen, cujo nome artístico, Mulher Moranguinho, não foi mencionado uma única vez, acrescentou um detalhe sobre a noite depois do casamento: "A gente quebrou o pé da cama"

Naldo foi recompensado ao final, cantando uma música do novo DVD – um produto que ainda não chegou às lojas, mas "que ele vai lançar no 'Domingão' em novembro", prometeu Faustão.

Tema explorado com entusiasmo pelos sites especializados, a exposição da intimidade de um cantor popular com sua mulher sensual não se revelou um chamariz de audiência no "Domingão do Faustão". Esta é a questão que deve servir para alguma reflexão.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.