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Os olhos tristes de James Gandolfini deram a cara a “Sopranos”

Mauricio Stycer

20/06/2013 02h58

Um chefe mafioso que sofre de ataques de pânico decide procurar auxílio terapêutico. Começava assim, em 1999, a primeira temporada de "Família Soprano". No papel principal, como Tony Soprano, James Gandolfini, conseguia transmitir as mais variadas nuances do personagem.

Ao longo das seis temporadas (86 episódios), vamos entendendo o que levou o tipo ao divã da doutora Melfi. Segue a carreira do pai, já morto, mas é obrigado a conviver com a mãe cruel e má. É um chefe violento, mas paternal. Pai protetor de dois adolescentes, mas totalmente inábil. Marido dedicado, mas sem cerimônias com as amantes. Homem de negócios poderoso, mas inseguro. Diante da terapeuta, Tony se abre e, óbvio, se apaixona.

O sucesso da série criada por David Chase é um marco na história da HBO e tem um papel central no processo que levou a televisão a se tornar produtora do melhor conteúdo audiovisual hoje disponível no mercado americano.

Recentemente, o Writers Guild Of America (WGA), o sindicato dos roteiristas norte-americanos, elegeu "Sopranos" como a série mais bem escrita de todos os tempos. Não li nenhuma contestação a esta escolha.

Gandolfini foi indicado seis vezes ao Emmy como melhor ator de série dramática. Ganhou três vezes. Sua caracterização como Tony Soprano é de uma riqueza impressionante. "Se Shakespeare vivesse hoje, escreveria para a HBO", escreveu o diário espanhol "El Pais", dando a dimensão do lugar do seriado e do ator que encarnou o protagonista.

Ao saber de sua morte repentina, aos 51 anos, Chase deu uma declaração que resume a surpresa e tristeza com a perda: "Um dos maiores atores de todos os tempos. Muito da sua genialidade residia naqueles olhos tristes. Lembro de dizer várias vezes para ele. 'Você não está entendendo. Você é como Mozart'. Ficava um silêncio do outro lado do telefone".

É impossível separar Gandolfini de "Sopranos" e vice-versa. Com a sua morte, a série alcança um novo status e torna-se, definitivamente, histórica.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.