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João Kleber recicla 'Teste de Fidelidade' e copia 'Casos de Família' na manhã da RedeTV!

Mauricio Stycer

09/04/2013 10h58

Atrás da TV Cultura no ranking de audiência em 2012, a RedeTV! resolveu apostar em João Kleber para tentar levantar o Ibope em 2013. Principal atração da grade noturna aos sábados e domingos, com o "Teste de Fidelidade", o comediante passa agora a ocupar uma faixa de 150 minutos, das 9h30 às 12h, de segunda a sexta, com "Você na TV".

Na estreia, o programa alcançou o seu objetivo primordial. Tirou a audiência da emissora do patamar de 0,4, que havia marcado uma semana antes, e chegou a 1,7 – um aumento de quatro vezes. Nesta terça-feira, segundo dia, quase metade do público desistiu de "Você na TV". Os dados preliminares indicam que a audiência de João Kleber ficou em 0,9.

O novo matinal da RedeTV!, infelizmente, não apresentou nada de novo em sua estreia. Nem mesmo João Kleber constitui uma novidade, já que passou uma parte considerável do programa revivendo o seu "Teste de Fidelidade" em uma versão "light", num quadro chamado "Amigo Inimigo".

"Você acha que seu amigo é amigo de verdade? Será que a amizade das amigas passa pela prova da verdade?", lançou João. Com a ajuda de câmeras escondidas, uma dançarina de forró assistiu uma colega sua ser tentada, por meio de mentiras contadas por um produtor, a trair a sua confiança.

João adaptou até o bordão do "Teste de Fidelidade". Em vez do "Para! Para! Para!", gritou, "Para aí! Para aí!". E prometeu, com sua verve típica: "Esse quadro, indiscutivelmente, vai ser um dos maiores sucessos da TV não só nacional como mundial".

Outro pedaço do programa foi dedicado a um barraco no palco protagonizado por vizinhas. "Vou tacar gasolina na casa dela", ameaça uma participante. "Ela é louca, é cachaceira", responde a outra. "Que loucura", diz João Kleber. "Qual será o problema entre as vizinhas? Deve ter algum motivo", sublinha. Tal como no "Casos de Família", do SBT, a baixaria alegra a plateia, que grita."Porrada! Porrada!".

O terceiro bloco do programa foi dedicado a um quadro "romântico". Apresentado como publicitário, um sujeito foi ao auditório contar que encontrou uma moça apenas duas vezes, apaixonou-se, mas perdeu o telefone dela.

"Vou dar minha palavra de honra: Essa história do Gabriel é uma história i-na-cre-di-tá-vel. Não é uma surpresinha, não. É uma surpresona", disse João. Lógico que a produção encontrou a moça. Na verdade, eram irmãs gêmeas e chegaram, vestidas de noiva, em uma limusine.

Foram duas horas e meia sem um único intervalo comercial e seis breves ações de merchandising. Um programa interminável.

Uma primeira versão deste texto, sem os dados de audiência, foi publicada originalmente aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.