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Globo fica perdida e Fox brilha com imagens “emprestadas” no Morumbi

Mauricio Stycer

13/12/2012 11h12

Surpreendida com a decisão do Tigre de não voltar para o segundo tempo da final da Copa Sul-Americana na noite de quarta-feira, a equipe da Globo envolvida na transmissão da partida ficou desorientada no ar, deixando o espectador sem ideia do que acontecia no Morumbi.

Perdido, o narrador Cleber Machado recorreu a informações colhidas no Twitter, passadas pelo ponto eletrônico, no esforço de dar alguma satisfação ao público. O comentarista Caio Ribeiro vestiu a camisa de torcedor e fez discurso duro, criticando os jogadores do Tigre, sem saber, igualmente, o que havia causado a decisão.

Em campo, sem acesso ao vestiário da equipe argentina, os repórteres da emissora recorriam aos jogadores do São Paulo, que não esclareceram nada, bem como aos funcionários da Conmebol, que tampouco deram informações relevantes.

Quando, finalmente, o árbitro Enrique Osses declarou encerrada a partida, a Globo se dedicou a mostrar a festa do São Paulo, deixando em segundo plano o esclarecimento do que havia ocorrido momentos antes.

O canal pago Fox Sports, ao contrário, foi fundo na tentativa de informar as razões que levaram o Tigre a não voltar para o segundo tempo do jogo. A emissora trouxe em primeira mão a versão dos jogadores e integrantes da equipe técnica do time, em entrevistas captadas dentro do vestiário do time

A Fox brasileira beneficiou-se do trabalho feito por colegas de uma equipe argentina da emissora. As entrevistas foram exibidas em castelhano, sem tradução, mas ajudaram a dar uma ideia dos motivos alegados pelo Tigre.

A percepção de que houve uma briga feia no intervalo foi confirmada por um major da PM de São Paulo, que disse à Fox: "Quando chegamos lá, a briga já estava generalizada. Entre jogadores do Tigre e seguranças do São Paulo."

O narrador João Guilherme repetia, a todo o momento, que a emissora estava se esforçando em ouvir todos os lados envolvidos na confusão. Parecia estar se justificando junto ao torcedor do São Paulo, que preferia ver apenas a festa do time. Desnecessário. Não se pede desculpas por dar informações.

Obs: Agradeço o interesse de torcedores do São Paulo e de times rivais, mas este é um texto sobre a transmissão de um evento esportivo, não de futebol. Por isso, só publicarei os comentários sobre o tema do post.

Foto: Leonardo Soares/UOL

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.