Topo

Autor do obituário de Niemeyer no “Guardian” morreu antes dele

Mauricio Stycer

06/12/2012 01h38

É muito comum veículos de comunicação deixarem prontos, com bastante antecedência, obituários de pessoas famosas com o objetivo de publicá-los assim que o objeto do texto morre. Menos comum é o autor do artigo morrer antes do personagem homenageado.

Jornais, revistas e sites precavidos já haviam encomendado o obituário de Oscar Niemeyer há muitos anos. Não surpreende que ao menos um deles tenha sido escrito por alguém que morreu antes do arquiteto.

Ao publicar o seu texto sobre o criador de Brasília, morto aos 104 anos, o diário britânico "Guardian" informou que ele havia sido escrito pelo crítico de arquitetura do jornal, Martin Pawley, morto em 2008. Um segundo jornalista atualizou o texto.

Há vários outros casos semelhantes. O "New York Times", jornal que dá tratamento nobre aos obituários, já publicou diversos textos do gênero assinados por autores já falecidos. Recentemente, isso ocorreu no obituário de Osama Bin Laden (1957-2011), cujo texto foi assinado por Michael T. Kaufman, morto um ano antes. E também no texto sobre Elizabeth Taylor (1932-2011), escrito por Mel Gussow, que morreu seis anos antes. O obituário de Bob Hope  (1903-2003) foi assinado pelo crítico de cinema Vincent Canby, que morreu em 2000.

A cobertura, em detalhes, sobre a morte de Niemeyer pode ser lida aqui.

Para quem se interessa pela arte de escrever obituários,  recomendo "O Livro das Vidas", publicado pela Companhia das Letras em 2008, com uma seleção de textos do "New York Times" sobre pessoas comuns. Em inglês há vários outros livros sobre o assunto. Já li e escrevi a respeito do "Book of Obituaires", que reúne uma seleção de textos da revista "The Economist".

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.