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Mordomo é personagem quase obrigatório na novela das 21h

Mauricio Stycer

26/10/2012 06h01

Das últimas cinco novelas das 21h, só uma, "Avenida Brasil", não teve um mordomo como personagem. Ponto para João Emanuel Carneiro por não recorrer, desta vez, a um clichê tão batido e sem respaldo na realidade brasileira.

Em "Salve Jorge", a mais recente, Gloria Perez apresenta Thompson (Odilon Wagner), que serve a Leonor (Nicete Bruno). Pelos seus comentários e trejeitos, o personagem segue o perfil de quase todos os mordomos de novela: gay, afetado, saudoso do passado, infeliz com a vulgaridade do presente.

"Fina Estampa", a novela que antecedeu "Avenida Brasil", celebrizou Marcelo Serrado como Crô. O sucesso do personagem criado por Aguinaldo Silva foi tão grande que cogitou-se até criar um seriado ou um filme para o mordomo.

Em "Insensato Coração", Gilberto Braga e Ricardo Linhares não criaram um mordomo tão carismático quanto o Eugênio (Sergio Marmberti) de "Vale Tudo", mas insistiram no personagem com Isidoro (Antonio Fragoso), que trabalhava para Vitória Drumond (Nathalia Timberg).

Já em Passione, coube ao ator Julio Andrade viver o mordomo Arthurzinho, fiel escudeiro e cúmplice de Stela (Maitê Proença), a insaciável patroa, que traia o marido com garotões.

Olhando um pouco mais para trás, "Viver a Vida", de Manoel Carlos, e "Caminho das Índias", de Gloria Perez, não tiveram mordomos em papéis importantes. Mas a novela que veio antes destas, "A Favorita", de João Emanuel Carneiro, somou às estatísticas o mordomo Silveirinha (Ary Fontoura).

Por que será que os autores de novela têm obsessão por um clichê tão gasto?

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.