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“Cheias de Charme” tirou o horário das 19h30 do marasmo

Mauricio Stycer

28/09/2012 20h01

"Cheias de Charme", encerrada nesta sexta-feira, teve vários méritos. Em primeiro lugar, resgatou o prestigio de um horário, o da novela das 19h30 da Globo, que andava em baixa depois de uma sucessão de histórias sem maior apelo.

Com exceção de "Ti-Ti-Ti", a divertidíssima novela (re)escrita por Maria Adelaide Amaral, a emissora não emplacava uma história com tanta repercussão havia muitos anos.

Em segundo lugar, "Cheias de Charme" assinala a estreia de uma nova dupla de autores, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Não reinventaram a roda, mas conseguiram fugir das comédias e melodramas de sempre com uma proposta original, ancorada em dois universos muito atraentes, o das empregas domésticas e o da música popularesca.

A novela tratou de temas sérios, mas num registro infantil, quase de conto de fadas. Três mulheres humildes foram as heroínas da história e expuseram numa canção bem-humorada todos os problemas e dificuldades da "vida de empreguete".

Colorida, quente, alto astral, "Cheias de Charme" contou com uma vilã extraordinária, uma verdadeira bruxinha, a cantora Chayene (foto no alto), que fez o público rir com as suas maldades. A novela também ridicularizou com prazer a família Sarmento, formada pelo advogado mau caráter e sua mulher perua e arrivista.

Para alegria da Globo, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira também foram hábeis em integrar diferentes plataformas tecnológicas durante a novela sem forçar a barra. Os dois clipes das empreguetes foram ao ar na TV e na internet ao mesmo tempo.

Também conseguiram que diferentes artistas da emissora gravassem participações especiais divertidas e não tiveram dificuldades em contar com números musicais de metade da música mais popular brasileira. A trilha sonora, empurrada por Gaby Amarantos cantando "Ex Mai Love", foi outro ponto altamente positivo.

"Cheias de Charme" não teve fôlego suficiente para enfrentar os seis meses que ficou no ar sem enrolação. A novela padeceu de uma boa "barriga", é preciso dizer.

Claudia Abreu, como Chayene, foi o maior destaque em meio a um elenco muito bom. Seus dois escudeiros, Luiz Henrique Nogueira (Laércio) e Titina Medeiros (Socorro), brilharam junto. Gostei bastante, também, de Tais Araujo, como uma das empreguetes, de Marcos Palmeira, como o encostado e trapalhão Sandro, e de Ricardo Tozzi, no duplo papel de Fabian e Inácio.

Leia mais: Com 20 produtos, clipes e hits, "Cheias de Charme" se destaca por unir internet e TV

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.