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Deputado não entendeu “Ted”

Mauricio Stycer

26/09/2012 11h56

Quero aqui agradecer ao deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) por me fazer sair de casa, na noite de segunda-feira, bem na hora da novela, para ver "Ted", a comédia de Seth MacFarlane.

Eu havia decidido não ver o filme. As críticas negativas que li a respeito haviam me desanimado a ir ao cinema. A. O. Scott, do "New York Times", disse que "Ted" era um filme de uma piada só. Meu amigo Andre Barcinski escreveu na "Folha" que a diversão dura não mais do que 15 minutos.

Depois que o deputado se manifestou sobre o filme, anunciando a sua intenção de varrê-lo dos cinemas brasileiros, achei que precisava vê-lo. E fico muito feliz pela decisão. Não achei o filme tão fraco quanto os críticos escreveram.

Como todo mundo já deve saber a esta altura, "Ted" conta a história da relação de um homem de 35 anos, John (Mark Wahlberg), e seu urso de pelúcia, que anda, fala (a voz é do diretor) e age como uma pessoa.

John e Ted passam horas diante da televisão, fumando maconha, bebendo cerveja e fazendo piadas bobas. São dois idiotas completos. John trabalha numa locadora de veículos de dia, enquanto Ted faz festinhas caseiras com prostitutas.

A diferença essencial entre John e Ted é que o primeiro tem uma namorada, Lori (Mila Kunis), inteligente e bem-sucedida profissionalmente. Cabe a ela o papel de arrancar o amado do mundo infantil em que vive, o que inclui livrá-lo da "má influência" do urso de pelúcia.

Não vou avançar além deste ponto para não tirar o prazer de quem ainda pretende ver "Ted". Apenas adianto que o deputado Protógenes claramente não entendeu o que viu ao escrever: "Fiquei chocado e indignado com esse filme. Ele passa a mensagem de que quem consome drogas, não trabalha e não estuda é feliz".

É exatamente o contrário. MacFarlane ri – e ri muito – durante os 106 minutos do filme de pessoas como John. É curioso que o filme tenha feito tanto sucesso nos Estados Unidos, já que tira onda, basicamente, do jovem americano, ou seja, de quem ainda vai a cinema no país.

Em tempo: Para entender o caso Protógenes Queiroz x "Ted", leia aqui.  Para mais informações sobre o filme, incluindo uma crítica, fotos, ficha técnica e trailer, clique aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.