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Show de calouros levado a sério

Mauricio Stycer

24/09/2012 10h34

Escrevi domingo (23/9) no UOL Televisão sobre a estreia do "The Voice Brasil". Reproduzo abaixo o texto:


"The Voice" estreia com boa audiência, mas pouco impacto

Qual é a graça de um show de talentos no qual todos os jurados são bonzinhos, todos os calouros sabem cantar e o público não parece se emocionar com nada? Eis o desafio não solucionado pelo "The Voice Brasil" em sua estreia neste domingo na Globo.

Nos primeiros programas, quatro músicos famosos, Carlinhos Brown, Cláudia Leitte, Daniel e Lulu Santos, terão a função de escolher, cada um, 12 cantores entre 105 pré-selecionados.

A grande novidade do programa, já em sua terceira temporada nos Estados Unidos, é que os jurados ficam de costas e avaliam os candidatos com base apenas na audição. Quando mais de um dos jurados escolhe um candidato, cabe ao eleito dizer com quem quer ficar.

Na estreia, todos foram gentis com os candidatos recusados e exagerados nos elogios aos selecionados. Nenhum jurado brigou com o outro no esforço de convencer algum calouro a escolhê-lo. O público presente no estúdio pareceu não se importar muito com nada, nem com as escolhas nem com as recusas. Ninguém se excedeu, nenhuma gafe foi cometida, tudo saiu certinho – e sem graça.

Um raro constrangimento ocorreu no final do primeiro episódio, quando um índio foi ignorado pelos quatro jurados depois de cantar uma música sertaneja. Ao se darem conta de que o candidato era de uma minoria raramente presente na TV, todos fizerem mil mesuras e o aplaudiram de pé, como que culpados pela recusa.

Vários calouros cantaram em inglês, o que pode ter incomodado parte do público, mas é perfeitamente justificável num programa chamado "The Voice". Elogios ao programa publicados no Twitter foram exibidos na tela, durante a exibição do programa.

"The Voice Brasil" é apresentado por Tiago Leifert, deslocado do "Globo Esporte" para a tarefa. Quase sem função neste programa inicial, ele abraçou os pais de vários candidatos, deu muitos parabéns e explicou a mecânica da atração ao público.

Num flagrante que diz muito da sua utilidade, Leifert foi visto de braços cruzados assistindo a performance de um candidato.

A estreia do "The Voice" alcançou excelente audiência. O programa marcou 15,5 pontos de média, praticamente o mesmo do que a soma dos seus três principais concorrentes (Record, 6,5 pontos; SBT, 6; e Band, 3,5 pontos).

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.