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“SNL” e “Pânico” riem dos exageros de “Avenida Brasil”

Mauricio Stycer

06/08/2012 13h08

Um bom sinal da popularidade de "Avenida Brasil" é o número de sátiras da novela que se espalham pelos humorísticos na TV aberta. Até onde vi, já são três os programas que tentam surfar no sucesso da trama de João Emanuel Carneiro, expondo os seus cacoetes e exageros.

Com "Casseta & Planeta" fora do ar, coube ao "Zorra Total" (à dir.) a honra de rir da novela na própria Globo. É verdade que o veterano humorístico poderia ser um pouco mais ácido nas sátiras, mas, ainda assim, desde maio, a personagem Lucicreide (Fabiana Karla) tem conseguido fazer graça com Tufão, Carminha & Cia dentro do "Metrô Brasil".

Sem esta preocupação de não incomodar, há um mês, o "Saturday Night Live", na RedeTV!, estreou "A Viela Brasil". O quadro tem ocupado espaço cada vez maior dentro do programa. Neste domingo, foram mais de nove minutos rindo da vingança de Nina sobre Carminha, do jeito abobado de Tufão e da homossexualidade de Roni.

"Ô Max, por que você lambeu a mão da minha mulher?", pergunta Tufão, incapaz de enxergar o que se passa a seu redor. "Porque ela tava com uma canetinha suja, aí eu tive que limpar", responde o vilão na sátira.

Sem recursos para reencenar a novela, o SNL opta por dialogar com ela. "O que eu faço nessa novela? Tá todo mundo roubando, mentindo. Eu tô sem função", diz Tufão a Lucinda. "Tufão, você é gordo, jogador de futebol… Por que você não vai comer um travesti?", responde a mãe do lixão.

"Você sabe que eu sou gay, Suelen", diz Roni, negando fogo à mulher. "E você sabe que eu sou periguete. Esse é meu papel na novela. Eu pego tudo. Gay, feirante, estátua", responde ela, em outro momento da sátira.

Com algum atraso em relação à concorrência, neste domingo, o "Pânico" estreou o seu "Avenida Barril". Foram 14 minutos rindo da novela da Globo bem no seu estilo. Além das piadas infames ("Onde a Adriana esteve", "o Marcelo não vais"), muito do humor absurdo e escatológico do programa.

Num dos quadros, Carminha diz: "Luan Santana não é vesgo, Fiuk sabe cantar, o Maluf é um político honesto, os réus do mensalão são inocentes". Ao que Tufão observa: "Você tá ficando maluca", dando a deixa para ela dizer: "Eu fiz um curso de maluco com a Narcisa Tamborindeguy e fiquei assim".

Assim no como no SNL, sobram piadas com Roni, "o Bambi do Projac". O programa também riu do romance entre Leleco e Muricy, transformando a personagem feminina no técnico do Santos (acima).

No melhor momento, o "Pânico" riu da interminável vingança promovida pela heroína: "Após ser castigada por Nina, Carminha tem um AVC, ataque de vilã chata, e quase mata Nina pela 30ª vez".

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.