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“Maior Brasileiro” do SBT tem potencial para divertir e irritar, mas não deve ser levado a sério

Mauricio Stycer

12/07/2012 13h25

Proposta típica da era da interação, do "você decide", o programa "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" expôs, já no primeiro episódio, todo o seu potencial. Apresentado por Carlos Nascimento, a atração do SBT, adaptada de um formato da BBC, divertiu tanto quanto irritou ao apresentar parte dos resultados de uma votação realizada pela internet.

Sujeita à influência dos mais variados grupos de interesse, uma enquete disponível no site da emissora apontou os cem nomes mais votados. Segundo o SBT foram "mais de 1 milhão de votos únicos". Nascimento apresentou neste primeiro programa os indicados entre o 100º (Maria da Penha) e o 41º lugar (Machado de Assis).

A emissora teve o cuidado de não aceitar indicações de figuras do elenco do SBT e que não fossem personagens de ficção. Fora isso, foi um vale tudo surpreendente.

Do ponto de vista musical, a eleição mostrou uma hierarquia que privilegia a paixão popular. Tom Jobim (89º) e Chico Buarque (84º), por exemplo, ficaram atrás de Joelma (83º), Claudia Leitte (75º), Michel Teló (72º), Ivete Sangalo (43º) e Luan Santana (42º).

Em matéria de futebol, também houve escolhas polêmicas. Romário (92º), Ronaldinho Gaúcho (82º), Sócrates (80º) e Garrincha (73º) ficaram atrás do zagueiro Dedé, do Vasco (63º)

"As torcidas realmente se organizaram para homenagear os seus craques", disse Nascimento, claramente contido, evitando comentar as escolhas.

Num raro momento, o apresentador deixou escapar uma opinião – depois de descrever o perfil de Tiririca (48º), de palhaço a deputado federal, o apresentador pontuou: "A trajetória é típica do nosso pais".

Esta primeira enquete, com apenas 1 milhão de votos, não deve ser levada muito a sério. Durante a exibição, "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" provocou animada discussão no Twitter. Nascimento poderia ter ajudado mais. Quem sabe nos próximos.

Segundo o Ibope, o programa ficou em segundo lugar no horário, com 6,2 pontos, bem atrás da Globo (23 pontos) e um pouco à frente da Band (5,8).

Em tempo: A lista pode ser vista aqui. O programa tem previsão de 12 episódios e vai ao ar às quartas, às 23h30.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.