Topo

A cena da semana: Globo e Record irritam o espectador com marketing do “ao vivo”

Mauricio Stycer

08/07/2012 09h26

"Voltamos ao vivo", disse Galvão Bueno na madrugada deste domingo, numa transmissão que estava sendo objeto de críticas justamente por não ser ao vivo.

O vexame ocorrido em maio, quando disse estar ao vivo exibindo uma luta já ocorrida de Junior Cigano, levou a emissora a ter o cuidado, desta vez, de esclarecer que a transmissão da luta de Anderson Silva começaria 30 minutos depois de encerrada a disputa, em Las Vegas.

Galvão sabia disso, e provavelmente se esqueceu durante a transmissão ao falar "voltamos ao vivo". O público que acompanha a transmissão e comentava no Twitter não perdoou o narrador.

Já a Record faz propaganda dizendo que seu reality show, "A Fazenda", é exibido "24 horas". "Um reality de verdade", anuncia a emissora. Porém, sempre que algo importante acontece o sinal do site da emissora é cortado. Na sexta-feira à noite, quando Gretchen tomou a iniciativa de largar o programa, o site que exibe reality "ao vivo" saiu do ar. Guardou as imagens para mostrá-las no programa de sábado à noite.

A emissora faz o que quiser com as imagens do programa. Se quisesse, poderia mostrar a saída de Gretchen daqui a uma semana. O que incomoda é o marketing, é ouvir Britto Jr. diariamente encher o peito para anunciar "acompanhe a Fazenda 24 horas no site".  É propaganda enganosa.

Atualizado em 9 de julho: Na visão da Record, deve ser feita uma distinção entre os termos "ao vivo" e "24 horas". A emissora não considera que ao prometer "24 horas" de transmissão no site esteja se comprometendo com uma transmissão "ao vivo". Então tá.

Diz a Record em mensagem enviada no início da tarde desta segunda-feira: "Na transmissao do R7 de 'A Fazenda', nao usamos o termo ao vivo, quando a 'Fazenda' não está ao vivo. Usamos o termo '24 horas' porque em alguns momentos temos o 'Fazenda on line', programa para os internautas que acompanham 'A Fazenda'. O 'ao vivo' é restrito a momentos em que 'A Fazenda' esta ao vivo".

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.