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Fora do tom, Galvão exagera no patriotismo e não admite erro

Mauricio Stycer

09/06/2012 18h34

O tradicional misto de desinformação com patriotismo de Galvão Bueno atingiu um nível acima do habitual na transmissão do amistoso entre Brasil e Argentina na tarde de sábado.

Num dos últimos lances da partida, depois de Marcelo agredir Lavezzi e ser expulso, Galvão, Arnaldo Cesar Coelho e o repórter Tino Marcos tentaram livrar a cara do brasileiro, mas foram surpreendidos pelo depoimento do próprio jogador. "Perdi a cabeça", disse Marcelo, calando a equipe da Globo, que criticou a decisão do árbitro.

Pouco antes do quarto gol da Argentina, quando Messi sofreu e bateu uma falta na entrada da área do Brasil, Galvão observou que o argentino ajeitou a bola um pouco para trás, de maneira a ganhar mais espaço, um expediente que qualquer jogador, se puder, adota. "Messi foi esperto", disse Arnaldo. "Esperto, não. Foi fora da lei do esporte", retrucou o narrador, totalmente fora do tom.

Galvão também deu uma informação errada sobre Oscar, dizendo que foi formado no Internacional, e não admitiu o erro quando foi corrigido por Mauro Naves, que lembrou a verdadeira origem do jogador, o São Paulo.

Como já havia ocorrido antes, Galvão evitou falar que a seleção está em preparação para os Jogos Olímpicos de Londres. Referiu-se várias vezes a "time de meninos" e "garotada" do Brasil. Coube a Casagrande referir-se à "seleção olímpica" em diferentes ocasiões.

Quando a Argentina já vencia por 4 a 3, aos 43 do segundo tempo, Galvão finalmente lembrou que o time brasileiro era uma "seleção olímpica". Como se sabe, a Globo perdeu os direitos de transmissão dos Jogos de 2012 para a Record.

Em tempo: Um relato da partida pode ser lido aqui:

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.