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Globo fez a opção mais lógica ao não exibir luta ao vivo

Mauricio Stycer

28/05/2012 06h01

Por culpa de uma estimativa mal feita, a Rede Globo se viu diante de uma escolha de Sofia* na noite de sábado: interromper a transmissão de "A Casa das Coelhinhas" para exibir a luta de Junior Cigano ou esperar o fim do filme e mostrar um VT do UFC?

Qualquer uma das duas opções implicaria em desrespeito a uma parcela do público. A emissora optou pelo que me parece ser o mais lógico: seguir com o filme até o final e mostrar a luta 35 minutos depois de ela ter ocorrido em Las Vegas.  

Errou quem fez a estimativa da duração das demais lutas do UFC 146. Disputadas em até três rounds, a maior parte das lutas terminou no primeiro, acelerando a noite. Quando chegou a hora do principal evento do programa, a disputa entre Cigano e Frank Mir, "A Casa das Coelhinhas" ainda não tinha terminado.

A transmissão de qualquer evento esportivo cuja duração é indeterminada sempre produz dor de cabeça para emissoras de TV aberta com grade rígida. Basquete e vôlei causam dificuldade e tênis é, praticamente, impossível de exibir por conta disto.

Ainda novata nas transmissões do UFC, a Globo se atrapalhou e acabou se queimando com o ruidoso público que é fã do esporte. Além de ter perdido a chance de mostrar a luta no momento em que ocorreu, o narrador Sergio Mauricio (com Minotauro na foto) ainda cometeu o pecado de, ao iniciar a transmissão, dizer que estava "ao vivo".

* No filme "A Escolha de Sofia", que deu a Meryl Streep o Oscar de melhor atriz em 1983, a personagem principal, uma mãe polonesa, presa num campo de concentração, é obrigada por um soldado nazista a escolher um de seus dois filhos para ser morto.

Foto Zuffa

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.