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Aviso aos fãs: Wagner Moura faz homenagem, mas não “encarna” Renato Russo

Mauricio Stycer

27/05/2012 13h33

Três anos atrás, quando cumpria temporada no palco do Teatro da Faap em São Paulo com "Hamlet", Wagner Moura apresentou-se no Studio SP, na rua Augusta, à frente da banda Sua Mãe, especializada em música brega – ou "música superpopular brasileira", como ele prefere.

Como relatei na ocasião, foi um show consagrador. Wagner Moura não é cantor, mas não passa vergonha com a voz. Mais: exibe-se no palco com uma segurança impressionante – como se fosse um músico profissional.

O líder de banda está de volta a São Paulo, agora à frente de um projeto mais comercial, mas não menos ousado: substituir Renato Russo (1960-1996) diante de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá da Legião Urbana. Proposta da MTV, a volta do grupo com o novo cantor ocorre em dois shows, terça e quarta, no Espaço das Américas.

Neste sábado, houve um "show-surpresa" no mesmo Studio SP onde Sua Mãe se apresentou em março de 2009. Coloquei aspas em show-surpresa porque, embora não tenha ocorrido divulgação convencional, quase todo mundo que foi à casa noturna sabia que o grupo iria se apresentar lá.

Aviso aos fãs que irão ao Espaço das Américas: Wagner Moura não "encarna" Renato Russo, nem está interpretando o papel do criador da Legião Urbana. Quem nunca viu o ator como líder de uma banda pode ter a tentação de achar que ele está em meio a uma função teatral. Não é isso que ocorre.

É verdade que em alguns momentos ele deu a impressão de estar imitando a falta de jeito de Renato Russo no palco, mas quem está ali no show não parece um "cover", e sim um cantor, realmente, fazendo uma homenagem pessoal a um ídolo.

"Essa banda mudou a vida da gente", diz Moura antes de cantar "Teorema". O pequeno show teve também "Andrea Doria", que o ator disse ser sua música favorita do repertório da Legião Urbana, "Tempo Perdido", "Ainda É Cedo", "Quase Sem Querer" e "Pais e Filhos", entre outras, num total de onze canções. O show oficial terá 25 músicas.

Moura, Dado e Bonfá, além do guitarrista de Sua Mãe, Gabriel Carvalho, conseguem passar a impressão de que formam uma banda – impressão ilusória, é claro, pois se reuniram para este encontro, mas sinal de que estão vivendo intensamente este momento. Para quem tem saudades da Legião, é uma baita homenagem.

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Em tempo: mais informações sobre o show-surpresa aqui, no blog da MTV.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.