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"Jo soy Lobon": críticas do músico explicam a nova crise em “A Liga”

Mauricio Stycer

22/05/2012 16h20

Principal novidade em "A Liga" em 2012, Lobão já é, pouco mais dois meses após a estreia, motivo de enorme dor de cabeça para a Band e a produtora Eyeworks Cuatro Cabezas, que produz o programa. A pressão para que o músico abandone o barco é enorme, mas ele não dá sinais de que pretenda sair. Seu contrato inclui uma cláusula de rescisão que equivale a mais de duas vezes o valor que receberá se ficar até o final.

Uma entrevista de Lobão ao UOL, no último dia 5, azedou de vez as relações do músico com a direção de "A Liga". Participando do Bate-papo, ele revelou que é orientado a fazer "perguntas meio bobas" e disse que "sai muito na porrada" com a equipe que faz o programa.

Lobão também lamentou a guinada "popular" que "A Liga" sofreu por conta de dificuldades no Ibope e disse que foi orientado a "levantar a bola" da música sertaneja, quando queria ter sido mais crítico. O músico disse ainda que se recusou a fazer uma pergunta em uma outra edição por discordar da orientação que recebeu.

Veja alguns trechos:

É muito conflitante. A gente sai na porrada toda hora. Um quer um texto assim, eu não quero fazer… O cara me põe um texto, eu digo: 'Pô, eu não vou falar isso aqui. Jo soy  Lobon…'

Me puseram lá no Michel Teló. Eu fui na Vila Country, um lugar superhostil e aí tinha umas perguntas meio bobas pra fazer. Eu falei: 'Não vou fazer essas perguntas, não'. Aí fiz as minhas perguntas.

O programa começou adernando no Ibope. Deu uma pancada e isso mudou um pouco a conduta do programa. Eu também fiquei com uma série de problemas pra me adaptar. Teve que ficar mais popular. Essa coisa do sertanejo eu queria ser mais crítico e a coisa era meio que pra levantar a bola do sertanejo.

Naquela colônia (cracolândia) queriam que eu fizesse um 'reabilitado em Cristo'. O papo era assim: 'Então o Cristo te salvou?'. Não vou. Jo soy Lobon. Não vou falar isso. Aí o cara (do programa) falou: 'Você não é a favor das drogas?' E eu: 'Não sou a favor das drogas, mas não sou a favor deste tipo de reportagem'. A gente tem que se impor. Porque se não se impuser, você sai mal na foto.

Atualizado às 18h30: troquei o título do texto

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.