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O “BBB” e seus fãs estão na berlinda

Mauricio Stycer

25/04/2012 10h54

Encerrado em março, o "BBB12", na realidade, não terminou ainda. O escândalo envolvendo o modelo Daniel Echaniz, eliminado da edição por "grave comportamento inadequado", levou o Ministério Público Federal em São Paulo a protocolar uma ação civil pública em que pede um "filtro ético-moral" ao programa.

Segundo reportagem da "Folha", o procurador Jefferson Dias Aparecido entende que a Globo e a União são responsáveis por evitar, em futuros "BBBs", a exibição de cenas que atentem contra direitos dos cidadãos ou desinformem à população – mesmo no "pay per view". Na visão do MPF, a emissora deve ter uma atitude de prevenção em relação a "cenas que possam estar relacionadas, mesmo que em tese, à prática de crimes".

Por coincidência, será lançado nesta quarta-feira um livro, "Os Olhos do Grande Irmão" (editora Sulina, 296 págs., R$ 40), que se propõe a entender como e por que os fãs do "BBB" se relacionam tão intensamente com o programa.

O livro é uma versão da tese de doutorado, premiada, que o pesquisador Bruno Campanella defendeu na Escola de Comunicação da UFRJ. Durante o "BBB8" ele se "infiltrou" em diferentes comunidades com o objetivo de acompanhar as discussões dos fãs.

Três perguntas que Campanella tenta responder em seu livro: 1. "Quais são as motivações que levam os fãs do 'Big Brother Brasil' a participar ativamente de discussões e debates sobre o cotidiano dos confinados?" 2. "Quais são os critérios utilizados para avaliar a atuação dos candidatos ao prêmio milionário?" 3. "Até que ponto categorias sociais presentes na sociedade brasileira, como classe social, raça, gênero e identidade regional, interferem na forma de avaliar o BBB?"

Para quem se interessa pelo assunto, fiz uma entrevista com Campanella, publicada no UOL Televisão com o título Tese de doutorado sobre os fãs do "Big Brother Brasil" ganha prêmio e vira livro.

O autor conta, entre outras curiosidades, que enfrentou preconceito não apenas dos colegas de universidade como dos próprios fãs do "BBB": "Em um dado momento, um fã resolveu desafiar a minha identidade de pesquisador, afirmando que nenhuma instituição séria no país aceitaria um doutorando que quisesse analisar os fãs do 'BBB'."

Como em outros casos, o fã estava enganado.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.