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Nada muda, mas tudo está sempre diferente na “Grande Família”

Mauricio Stycer

06/04/2012 14h45

Qual é o segredo de "A Grande Família"? Na estreia da 12ª temporada, o seriado mostrou mais uma vez porque é um exemplo para quem sonha em fazer comédia de situação, a chamada "sitcom", no Brasil.

O coração do programa, a família Silva, permanece com sua integridade intocada – um conjunto unido, mas formado por personalidades bem distintas, marcantes e densas.

Sem perder de vista este núcleo central, o seriado voltou a se renovar, inventando novas situações e apresentando novos personagens.

Lineu saiu de um coma de quatro anos. Encontrou uma "piscina" em casa e soube que seu carro foi integrado à frota de táxis de Agostinho. Tuco, além de taxista, começou uma carreira como ator em um humorístico. Florianinho, filho de Agostinho e Bebel, já é um moleque irritante.

Os roteiristas de "A Grande Família" bebem nas mais variadas influências e referências. Incorporam e reciclam ideias de programas e filmes contemporâneos, como a série "Modern Family", por exemplo, mas não perdem de vista o espírito da série original, criada em 1972, por Oduvaldo Viana Filho e Armando Costa.

Embora trate de temas da realidade imediata, ligados às necessidades de uma família de classe média baixa, o seriado conserva uma ingenuidade, que o distingue de todos os similares.

Veja, por exemplo, uma das novidades do episódio de estreia da nova temporada. Tuco no papel de Serginho, um gay enrustido que não sai do armário porque "papai não deixa", me pareceu uma homenagem ao humorístico "Zorra Total" (com o próprio Lucio Mauro Filho no papel de Alfredinho e Jorge Dória como seu pai), do início dos anos 2000, que por sua vez bebe na fonte dos programas de humor da TV brasileira da década de 70.

"A Grande Família" é, de fato, um seriado especial. Nada muda, mas tudo está sempre diferente.

Atualizado às 14h30 de 7 de abril: Diferentemente do que escrevi na abertura do texto, o seriado está dando início à 12ª temporada, e não 11ª. Corrigi a informação.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.