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“Chamar um negro de ‘macaco’ não tem nada a ver com humor”, critica Bruno Mazzeo

Mauricio Stycer

16/03/2012 12h12

O caso do "Proibidão", espetáculo de humor que terminou com a chegada da polícia, chamada por um músico que se sentiu ofendido por uma piada de conteúdo racista, é o assunto da semana.

O músico Raphael Lopes (foto), conhecido como Rapha "Dantop", da banda que fazia as vinhetas entre uma apresentação e outra, se sentiu ofendido por uma piada contada pelo humorista Felipe Hamachi. A confusão ocorreu no momento em que o Hamachi disse que não se pega Aids em relações sexuais com macacos e, em seguida, dirigiu olhares para o tecladista insinuando que mantinha uma relação com ele.

Entre as muitas manifestações a respeito do caso, destaco a do comediante e ator Bruno Mazzeo, que publicou na manhã desta sexta-feira, no Facebook, um comentário crítico sobre o incidente. Respeitado no meio, Mazzeo deixa claro que existe uma divisão entre os comediantes sobre os limites do humor.

Há muito tempo eu vivi calado, mas agora resolvi falar. Os caras do stand up são muito unidos, tanto na hora de falar o que quiserem, quanto na hora de se revoltar quando sofrem críticas. O termo "politicamente incorreto" virou salvo conduto para se acharem no direito de falar qualquer coisa. E, quando criticados, se unem para dizer que há censura. Não há. Censura é não poder falar. E todos eles podem falar o que bem entenderem, tanto que andam fazendo isso, aqui e ali, em bares e no Twitter. Desculpem-me todos, mas chamar um negro de "macaco", como fez o rapaz semana passada em Sampa, o que gerou até policia, não tem nada a ver com humor. Não tem crítica, como necessita o humor. Não tem graça, como necessita mais ainda o humor. É apenas agressividade. Como foi com a piadinha de Auschwitz tempos atrás. Como são todas as (mesmas de sempre) que vivem fazendo com Preta Gil, por exemplo. Se eu mandar meu síndico "tomar no cu", não estarei sendo politicamente incorreto. Estarei apenas sendo mal educado.

Vamos aguardar a réplica…

Foto: Marcelo Justo/Folhapress

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.