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Fifa vendeu Copas de 2018 e 2022 por mais de US$ 1 bilhão para emissoras americanas

Mauricio Stycer

01/03/2012 12h18

Em novembro de 2005, no que foi chamado de maior acordo com um único país feito até então pela Fifa, as redes ABC e ESPN (ambas do grupo Disney) e a Univision (em língua espanhola) concordaram em pagar um  total de US$ 425 milhões (US$ 100 milhões e US$ 325 milhões, respectivamente) pelos direitos de transmissão nos Estados Unidos das Copas do Mundo de 2010 e 2014. O pacote incluía ainda a Copa das Confederações de 2009 e 2013, além do Mundial feminino de 2007 e 2011.

Seis anos depois, numa licitação disputada em outubro de 2011, em Zurique, na Suíça, os dois grupos perderam para Fox e Telemundo os direitos de transmissão das Copas de 2018 e 2022. Só que os valores mais que duplicaram no período. A Fox pagou US$ 415 milhões e a Telemundo, cujo público-alvo, de origem hispânica, é maior, teve que desembolsar US$ 600 milhões pelos direitos.

Segundo o "New York Times", durante a disputa, a ESPN chegou a subir a sua oferta de US$ 350 milhões para US$ 400 milhões, mas a Fox ofereceu mais e levou.

O valor total, de mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 1,7 bilhão), é recorde nos Estados Unidos para a compra de direitos de transmissão de futebol. O esporte, como se sabe, ainda está longe de ser popular no país.

Mas há números animadores. A final da Copa de 2010, na África do Sul, por exemplo, foi vista por 24 milhões de espectadores da ABC e Univision – 10 milhões a mais do que a audiência média obtida pela Fox nas cinco partidas entre San Francisco Giants e Texas Rangers valendo o principal título de beisebol naquele mesmo ano.

Reproduzo esta sopa de números apenas para dar uma ideia do que está em jogo no Brasil neste momento. Como se sabe, a Fifa dispensou fazer licitação no país e vendeu para a Globo, por valor não revelado, os direitos de transmissão das Copas de 2018 e 2022.

A Record anunciou a intenção de processar a entidade suíça, sob o argumento que houve a promessa, em 2010, de que haveria uma licitação pública pela compra destes direitos.

Ao anunciar a venda para a Globo, a Fifa enalteceu a parceria de 40 anos com a emissora brasileira. Os grupos ABC e Univision, que perderam a licitação para Fox e Telemundo, não tinham tanta tradição assim mas vinham transmitindo grandes eventos de futebol desde a Copa de 1994.

Leia mais: Diretor da Globo explica opção da Fifa: "Estamos mil anos à frente da Record" e também Record chama Globo de arrogante e vê negociação por Copa como "sombria"

Foto: Flavio Florido/UOL

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.