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Acordo do “Pânico” com a Band causa preocupação no “CQC”

Mauricio Stycer

16/02/2012 22h26

Na produtora Eyeworks Cuatro Cabezas, onde é realizado o "CQC", a notícia do acerto do "Pânico" com a Band causou espanto e, neste primeiro momento, preocupação. Para além dos ciúmes, na visão de quem faz o programa, a chegada do humorístico comandado por Emilio Surita enfraquece a atração apresentada por Marcelo Tas.

Tanto do ponto de vista comercial, quanto de conteúdo, há mais pontos de contato do que diferenças entre os dois programas, configurando concorrência.

Ambos costumam frequentar os mesmos eventos em busca de entrevistas engraçadas com celebridades, artistas e esportistas. É verdade que o "CQC" se diferencia pelo peso maior dado a assuntos que envolvem políticos, mas mesmo neste terreno o "Pânico" já andou se aventurando com o mesmo estilo zombeteiro.

O "Pânico" é exibido aos domingos, um dia antes do "CQC". Na mesma emissora, não fará muito sentido os dois programas exibirem matérias feitas nos mesmos locais, com os mesmos personagens.

Outra preocupação dos "homens de preto" diz respeito ao fato de o "Pânico" ser uma atração muito mais popular, cuja audiência supera de longe a do "CQC".

O principal nome da Eyeworks Cuatro Cabezas no Brasil, o argentino Diego Guebel, é hoje diretor-artistico da Band. A produtora é responsável por inúmeros programas e projetos na emissora paulista – além do "CQC", "A Liga", "Polícia 24 horas", "Agora É Tarde", "Mulheres Ricas" e o infantil de Marcelo Tas, que estreia em 2012.

Outros três argentinos trabalham na sede da produtora no Brasil, cuidando destes programas. O mais bem-sucedido, do ponto de vista comercial e de audiência, é justamente o "CQC". Daí o estranhamento dentro da empresa com o acerto feito pela Band com o "Pânico".

As arestas deverão ser aparadas nas próximas semanas. Já no domingo, 26, haverá uma oportunidade de ver como vão se comportar as equipes dos dois programas. "Pânico" e "CQC" estavam se preparando para enviar equipes a Los Angeles, para a cobertura do Oscar.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.