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Sem saber onde será vista e com “elenco” de atores, Fox Sports preocupa antes da estreia

Mauricio Stycer

23/01/2012 13h20

Ainda é muito cedo para dizer a que vem a Fox Sports, canal pago do grupo Murdoch, cuja estreia no Brasil está anunciada para o próximo dia 5. Mas a apresentação feita para a imprensa na manhã desta segunda-feira deixou no ar dois motivos para preocupação.

O principal é a impressão de que a emissora irá ao ar sem estar totalmente pronta para isso. O segundo, a sensação de que, na visão de seus executivos, esporte é muito mais show do que jornalismo.

O fato de a Fox Sports ser dona dos direitos de transmissão da Taça Libertadores em TV paga parece justificar a precipitação de estrear daqui a duas semanas sem saber informar, hoje, quais operadoras exibirão o seu sinal. "Até o dia 5, teremos alguma operadora fechada. De cinco operadoras, digamos, teremos três fechadas", prometeu um de seus executivos.

NET e Sky, as duas principais operadoras, estão colocando dificuldades para a Fox Sports. Outras emissoras, como a Record News, enfrentaram problemas semelhantes.

Sem revelar o seu investimento no Brasil, mas que se presume de grande valor, a Fox Sports exibiu no palco do Hotel Unique, em São Paulo, os apresentadores, narradores e comentaristas contratados nas últimas semanas. É um time de bom nível, recrutado junto à concorrência, em especial o SporTV.

À frente de todos, porém, brilham dois atores, Erich Pelitz e Tammy di Calafiore. Até onde se sabe, a mais conhecida ligação da jovem Tammy com o universo esportivo é o fato de ter interpretado o papel de irmã de dois ciclistas na novela "Passione".

Também achei curioso que a equipe da Fox Sports tenha sido apresentada com palavras mais ligadas ao mundo artístico do que esportivo ou jornalístico. "Nosso elenco", anunciou um dos executivos. "Nossos talentos", disse também.

Espero que meus temores sejam infundados e que a emissora possa contribuir para a concorrência e a diversidade na cobertura de esportes na televisão. Mas o anúncio feito nesta segunda-feira, infelizmente, deixou mais dúvidas do que certezas.

Leia mais: Fox Sports nega compra do BandSports e diz que ainda não tem espaço na TV fechada. E também: Rafinha Bastos é descartado pela Fox Sports, mas negocia com FX.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.