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Game show inglês ganha versão divertida com o típico sotaque do SBT

Mauricio Stycer

19/01/2012 06h01

Copiar formatos de programas estrangeiros é fácil. Difícil é dar uma cara e uma personalidade a eles. Haveria alguns bons e muitos maus exemplos a citar, mas vou me limitar a falar do mais recente, que o SBT acaba de levar ao ar com sucesso.

"Cante Se Puder" obriga músicos famosos e anônimos a cantar em situações difíceis – pisando em minhocas, levando choque, sob esteira rolante, entre outras armadilhas. Tudo emoldurado por um cenário cafona, item obrigatório em atrações do tipo, plateia adestrada para gritar nas horas certas e toda aquela confusão característica das produções do SBT.

Versão do game show inglês "Sing If You Can", o programa nasceu, em resumo, com o sotaque típico das produções de Silvio Santos. A destacar, primeiro, os dois apresentadores, que não combinam em nada: uma das filhas do dono, Patrícia Abravanel, e o comediante Marcio Ballas.

Depois, o elenco inacreditável na estreia: o pagodeiro Vavá (foto à esq.) e seu irmão, Marcio, a cantora de axé Gimelândia, Anderson, do grupo Molejo, um certo Banana ("Vocês não estão lembrando quem eu sou?") e Ângela Bismarchi, famosa pelo número de cirurgias plásticas que já fez (cerca de 50), modelo e, aparentemente, também cantora (na foto abaixo).

E, por fim, as três pessoas escaladas para julgar as vítimas das pegadinhas musicais: o cantor Nahim (não se penitencie se você não sabe quem é), a ucraniana Lola Melnick, mulher de muitos talentos, cujo sotaque dificulta um pouco a compreensão do que diz, e Nany People, a divertida transexual que participou da "Fazenda".

Se você não assistiu à estreia de "Cante se Puder", tente ao menos imaginar essas onze pessoas juntas num mesmo palco. Totalmente surreal. Divertidíssimo. Só não foi engraçado do início ao fim porque Marcio, irmão de Vavá, algemado, se assustou enquanto cantava com as baratas e ratos jogados no chão, saiu correndo, tropeçou e foi de cara no chão. Desmaiou.

Com elogiável jogo de cintura, o SBT exibiu os primeiros socorros ao rapaz, a reação do irmão pagodeiro e a decisão de continuar com o programa, sabendo que nada muito grave havia ocorrido. "Cante Se Puder" ainda exibiu um VT, gravado dias depois, no qual Marcio, já restabelecido, fala do acidente.

Dois problemas poderiam ser corrigidos. O mais grave, numa competição musical, é a ausência total de informações sobre as músicas que os participantes cantam – nem títulos nem autores aparecem na tela. O mais comum, infelizmente, é o desrespeito ao horário. Programado para às 22h30, só começou 15 minutos depois, quando o "BBB" terminou.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.