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Pior que "ex-BBB" só "ex-futuro BBB"

Mauricio Stycer

05/01/2012 13h41

O advogado João José Brígido Gomes Neto, conhecido como Netinho, de 28 anos, desistiu de participar do "BBB12" menos de 24 horas depois de ter seu nome anunciado como um dos 12 selecionados. Segundo o diretor Boninho, o candidato não agüentou o confinamento no hotel, no Rio, que antecede o programa. Não é o primeiro a pedir para sair antes do início do programa (veja aqui).

Netinho foi aquele que, na chamada exibida pela Globo na noite de quarta-feira, disse: "Tenho facilidade para fazer amigos e tenho muita felicidade para fazer inimigos."

Brinquei no Twitter dizendo que Netinho se tornou um "ex-futuro BBB", uma alcunha ainda pior do que "ex-BBB". Um leitor viu "preconceito" na minha observação, dizendo que todas as pessoas são iguais. Não fui eu quem disse que ser ex-BBB é um problema. Vários deles já falaram sobre isso. Vou lembrar de alguns.

Assim que voltaram ao programa, na décima edição, em janeiro de 2010, Marcelo Dourado e Joseane contaram aos colegas de confinamento o que os aguardava lá fora, assim que fossem eliminados. "O que mais dá nojo são os oportunistas de mídia", disse Dourado. Eliminada duas vezes, Joseane se tornou a primeira "ex-ex-BBB" da história.

Um ano depois, a professora universitária Elenita Rodrigues, que participou do BBB10, revelou em seu blog os problemas que teve por causa do programa. "A verdade é que fiz foi perder dinheiro participando do BBB (perdi credibilidade no círculo acadêmico e fui vetada em quase todas as bancas de que participava e que constituíam duas, três vezes o valor do salário que ganho agora)."

Michel Turchin contou, numa entrevista ao UOL, que uma rádio cancelou a entrevista que faria com ele, sobre um livro que publicou, ao descobrir que era um "ex-BBB". Teria vários outros exemplos para dar, mas vou poupar o leitor.

Agora, há um tipo de ex-BBB fascinante. É aquele que não se conforma com a perda de notoriedade e contrata assessor de imprensa para promovê-lo, mesmo que não tenha nada para exibir. Neste quesito, meu ex-BBB favorito é o modelo Elieser (na foto ao lado, no dia em que informou à imprensa que jantou um sushi com a namorada). Para ele, ser ex-BBB é um carrossel de emoções.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.