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As dez melhores atrações da televisão em 2011: uma retrospectiva

Mauricio Stycer

19/12/2011 06h01

Ao longo do ano, fiquei tempo demais diante da televisão e abusei da paciência do leitor com muitos textos sobre o assunto. Ao olhar para trás, no esforço de fazer um balanço, noto que vi mais coisas ruins do que boas, mas também tive muitas surpresas. Apresentarei, então, um resumo de 2011 em três partes – os melhores, os inesperados e os piores do ano. Como sempre, terei o maior prazer em acolher os comentários e observações dos leitores, apontando as injustiças das minhas listas e me lembrando do que esqueci. Aqui está o meu Top 10 com os melhores:

1. Cordel Encantado: Salpicada de elementos da literatura de cordel e dos contos de fada, a história de Duca Rachid e Thelma Guedes foi o destaque em teledramaturgia. A novela das 18h da Globo  teve elenco bem escalado, ótimo texto, direção de verdade, fotografia com padrão de cinema, figurinos e iluminação impecáveis. Com a difícil tarefa de sucedê-la, "A Vida da Gente", de Licia Manzo, não fez feio, muito pelo contrário. E "Fina Estampa", de Aguinaldo Silva, teve o mérito de reconquistar o público do horário das 21h com uma história bem popular e divertida.

2. Chegadas e Partidas: O GNT marcou um gol com a adaptação deste reality show holandês. Apresentado com sensibilidade por Astrid Fontenelle, o programa conta breves histórias de gente transitando pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Os fragmentos de realidade exibidos conquistaram o público, levaram a emissora a providenciar uma segunda temporada ainda em 2011 e garantiram um lugar para o programa na grade no ano que vem.

3. Agora é Tarde: O humorista Danilo Gentili se reinventou à frente do talk show lançado pela Band. Mostrou talento como entrevistador e deixou de lado a imagem algo truculenta de seus tempos no "CQC". O programa conquistou a audiência, ganhou espaço de outras atrações da casa e ainda obrigou Jô Soares a dar uma sacudida em seu talk show.

4. Jogos Pan-Americanos: Maior investimento da Record em 2011, a cobertura da competição continental em Guadalajara foi um aperitivo do que o brasileiro verá na tela nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Ao adquirir com exclusividade o direito de transmissão destes dois eventos, a emissora rompeu com uma hegemonia histórica da Globo nesta área.

5. O Astro: A pressão da concorrência levou a Globo a investir na sua programação de fim de noite. Não foi um "remake", uma novela refeita, nem uma condensação dos 180 capítulos originais de Janete Clair para os 60 exibidos. Foi um tributo, escrito por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, com grande atuação de Regina Duarte, a uma novela que simboliza os melhores momentos da teledramaturgia.

6. Jornal Sensacionalista: A ousadia que faltou à Globo, levando ao cancelamento dos programas "Aline" e "Junto e Misturado", sobrou ao Multishow. O "Jornal Sensacionalista" foi uma das boas apostas em humor inteligente, debochado e, de quebra, repleto de referências ao conservador telejornalismo brasileiro.

7. Furo MTV: Apresentado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro, o programa comemorou a sua 500ª edição. Segue como uma das melhores atrações da emissora e um dos raros programas no ar com coragem de rir abertamente da baixa qualidade da televisão brasileira, do grotesco mundo de celebridades e da própria MTV.

8. Esquenta! : Com referências a Chacrinha e Jorge Perlingeiro, um cenário colorido, sambistas do primeiro time e a alegria de sempre, Regina Casé encontrou num programa de auditório dominical o ambiente ideal para vender alto astral e otimismo. "Porque tem a sina de ser popular", canta Arlindo Cruz no samba feito para ser música-tema do programa. Já de volta à grade da Globo, neste final de 2011, "Esquenta!" mostra que Regina tem condições de virar atração fixa na programação da emissora.

9.Seriados: Várias emissoras apostaram no formato em 2011. O maior investimento foi feito pela Globo, com muitos altos e baixos, como é normal. Gostei de "Divã" e "Tapas & Beijos" , entre outras. A TV Brasil também fez um esforço significativo, exibindo três seriados no ano, dos quais eu destaco "Natália" e "Vida de Estagiário". Digno de nota, igualmente, "Modern Family", uma das melhores séries americanas recentes, chegou à segunda temporada no canal pago Fox.

10. Roda Viva: Um dos mais importantes programas de entrevistas da TV brasileira, o "Roda Viva" perdeu as suas principais características e a sua importância ao ser reformulado em 2010. A mudança não deu certo e, um ano depois, a TV Cultura resolveu ressuscitar o formato antigo, agora com apresentação do jornalista Mario Sergio Conti. Foi uma rara boa notícia vinda da emissora pública paulista, que cortou custos, demitiu funcionários e cancelou programas no ano.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.