Patrocinador cancelar exposição não é censura; são só negócios
O cancelamento de uma exposição da fotógrafa americana Nan Goldin no Rio de Janeiro expõe, mais uma vez, o estado de dependência das artes em tempos de domínio do marketing. Creio ser um erro chamar de "censura" a atitude do espaço cultural Oi Futuro, que desistiu de exibir as imagens mesmo depois de ter pago por este direito.
A empresa chegou à conclusão que a exibição das fotografias de Nan Goldin poderia resultar em danos para a sua imagem e o seu projeto educativo. Não está em jogo a qualidade do trabalho da fotógrafa, mas a avaliação de custo e benefício que o patrocinador fez.
Censurar a exposição seria proibi-la, o que só é possível, hoje, no Brasil, por decisão judicial. Pelo que leio, o Museu de Arte Moderna do Rio vai exibir a exposição que o Oi Futuro abriu mão de mostrar.
Chamar a atitude do patrocinador de "censura econômica" também não cola, na minha opinião. Não pretendo me estender aqui sobre o assunto, mas o problema não é da empresa, mas do fato de a cultura ser hoje basicamente uma questão de mercado.
Filmes, exposições, peças de teatro e até livros hoje dependem de diferentes leis que estimulam o patrocínio das artes em troca de renúncia fiscal e dão ao patrocinador o direito de escolher como bem quiser usar o seu dinheiro.
É nítido que este sistema está caduco e repleto de falhas, que provocam distorções em todas as áreas da cultura. As fotos polêmicas de Nam Goldin apenas ajudam a expor este problema.
Em tempo: Leia mais sobre a exposição cancela e veja algumas da imagens fortes aqui.
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