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Silvio Santos renova a arte de vender a ilusão do dinheiro fácil na TV

Mauricio Stycer

22/09/2011 11h54

Na história de Silvio Santos e do SBT, não há surpresa alguma na ideia de fazer o público acreditar na chance de ganhar dinheiro fácil. O apresentador e dono da emissora construiu e firmou sua marca por meio das mais variadas e, às vezes, ilusórias promoções, como a Tele Sena, bem como pelos aviõezinhos, atirados diretamente às "colegas de auditório" ou, de forma mais clássica, com os concursos de perguntas e respostas.

Nesta quarta-feira, Silvio estreou oficialmente um novo "game show", chamado "Um Milhão na Mesa", cuja principal novidade é a exposição pública de montes de maços de notas de R$ 20, empilhados diante de uma mesa. "Fica perto de R$ 1 milhão", convida o apresentador à dupla de humildes candidatos ao prêmio. "É uma boa emoção".

Absolutamente em forma, e com o corte de cabelo de volta ao modelo original, com topete, Silvio Santos diverte o seu público como nenhum outro apresentador parece ser capaz. "Você já ficou perto de R$ 1 milhão? Não tem problema. Pode ficar", convida outra dupla.

"É capaz de dar sorte", ele diz, antes de fazer uma analogia que ninguém mais teria coragem de propor. "Você não vê, quando vem o papa… Todo mundo segura na mão dele. Quando vem um político, todo mundo segura na mão dele. Esse negócio de segurar na mão dá sorte".

Mãe e filha, primeira dupla de participantes, foram eliminadas logo na pergunta inicial. Tinham que dizer "que tipo de animal era Moby Dick". Entre as quatro opções, "tubarão, "golfinho", "baleia" e "polvo gigante", poderiam indicar inicialmente três, se não tivessem certeza da resposta. Excluíram, então, "baleia", a única resposta certa.

Antes, porém, Silvio deixou que passassem a mão no dinheiro empilhado. "É tão gostoso", disse a moça. Pois é… Antes do início do programa, uma publicidade institucional do SBT informou que a emissora já premiou, ao longo dos seus 30 anos de história, nove pessoas com R$ 1 milhão. Uma pessoa a cada três anos e quatro meses.

Ninguém faz televisão popular como Silvio Santos.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.