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Tipos de leitor – O Fanboy

Mauricio Stycer

10/09/2011 20h33

Escrevendo sobre televisão, observo que nem todo mundo se senta diante do aparelho para ver os programas de seu agrado. Há um número considerável de espectadores que se orienta exclusivamente pelo que passa na emissora de sua preferência. Em outras palavras, são pessoas que não escolhem programas, mas seguem a grade do canal que adoram.

Entre esses fiéis de emissoras, há alguns que podemos chamar de Fanboy. O termo designa mais do que um fã dedicado, e é mais comumente usado para adoradores de alguns produtos de tecnologia.

Ele pode ser homem ou mulher, criança, jovem ou velho. Na sua paixão por um determinado canal, o Fanboy não apenas idolatra qualquer produção que assiste como se torna um guerreiro diante dos críticos, e os ataca com indignação.

O Fanboy aparece por aqui, invariavelmente, quando escrevo sobre algum programa da Globo, da Record ou do SBT. A sua forma de atuar é sempre igual. No lugar de comentar o que eu escrevo, contestando ou apresentando argumentos contrários aos meus, ele vê uma conspiração contra a emissora que está exibindo o programa que eu comento.

"Você tem inveja da Globo" ou "O seu sonho é trabalhar na Globo", escreve o Fanboy quando observo algum problema em "Fina Estampa".

"Você é pago pela Globo para falar mal da Record" ou "Por que você só critica os programas da Record?", pergunta o Fanboy se faço alguma ressalva à "Fazenda" ou ao "Jornal da Record".

O Fanboy chega a parecer acionista da emissora, mas é apenas um fã devotado com excesso de entusiasmo e pouquíssimo espírito crítico. O meu comentário recente  sobre a novela "Amor e Revolução", do SBT, trouxe mais uma vez este leitor ao blog.

"A novela é boa sim, acho que esse Mauricio é puxa saco da GLOBO… Ele deveria criticar a nova Malhação, que tá um horror. Só faz critica para o SBT". Outro Fanboy disse: "Toma gentalha! O seu blog é uma merda ! Rá sempre falando mal da emissora A e C! Vê se te enxerga", escreveu, classificando o SBT, imagino, como a emissora C.

Em tempo: Outros textos da série "Tipos de leitor" podem ser lidos clicando aqui ou, na barra à direita, entre os tópicos listados no item Categorias. Agradeço ao leitor Luiz Paulo Dantas (@lpdantas) pela sugestão do termo "fanboy".

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.