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Danilo Gentili vê Jô Soares "acomodado" e explica: falta de concorrência

Mauricio Stycer

23/08/2011 12h13

Fã do "Programa do Jô", que sempre assistiu, o humorista Danilo Gentili apresenta há dois meses uma alternativa ao talk show da Globo. Exibido às quartas e quintas, às 23h45, o seu "Agora É Tarde" já é a segunda melhor audiência da Band e, em breve, ganhará um terceiro dia na grade. A continuar neste ritmo, tudo indica que vai realizar o seu sonho inicial de ser um programa diário.

Na entrevista que deu segunda-feira à noite ao programa "UOL Vê TV", Gentili falou dos entrevistadores que o inspiram, os comandantes dos chamados "late nights", programas de entrevistas noturnos na tevê americana, como Dave Letterman, Jay Leno, Jimmy Fallon, entre muitos outros.

A maior inspiração não é nenhum programa específico, mas o gênero em si. Todos são muito parecidos. Quanto mais autêntico eu for… Tem dez  "late nights" na tevê americana. Todos têm a caneca na mesa, todos têm o sofá para o entrevistado… O diferencial de um "late night" para o outro, embora o cenário seja sempre parecido, é a personalidade. O comediante enxerta no formato a personalidade. É isso que faz um "late night" ser totalmente diferente do outro, apesar de ser igual. È isso que temos buscado no "Agora É Tarde"

Naturalmente, a conversa chegou em Jô Soares. E creio que a análise feita por Gentili sobre o programa de seu concorrente é muito correta. Na sua avaliação, o problema do "Programa do Jô" é a falta de concorrência nestes anos todos.

Nunca fui e agora acho que não vou mesmo. Acho que ele não vai convidar, não (risos). Cresci assistindo o "Programa do Jô". De verdade. Tenho a impressão que de um tempo pra cá faltou uma renovação. Eu vejo o Letterman fazendo a mesma coisa há 40, 50 anos, com a mesma energia, sempre com novidades. Eu vejo que o Jô ficou meio acomodado. O Letterman precisa fazer um puta programa toda noite porque tem dez concorrentes. O Jô não tem nenhum concorrente. Acredito que se existisse uma grade de late nights na TV brasileira como na TV americana, eu acredito que o Jô ia ser um Jô Soares de 20 anos de idade.

A íntegra da entrevista com Danilo Gentili pode ser vista abaixo. O primeiro trecho, sobre talk shows, começa no minuto 5. O comentário sobre Jô Soares ocorre a partir do 26º minuto:

[uolmais type="video" ]http://mais.uol.com.br/view/11990300[/uolmais]

Atualizado às 16h: No início de 2010, Danilo Gentili foi convidado pela produção do "Programa do Jô", mas não foi. Segundo este blogueiro apurou, a Band não autorizou a sua participação em programa da emissora concorrente, uma atitude que, aliás, a Globo também adota com relação a seus artistas.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.