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Invasão do funeral de Amy muda de nome ao ser exibida no "Pânico"

Mauricio Stycer

08/08/2011 09h27

Apresentada neste domingo, a invasão do funeral de Amy Winehouse por uma equipe do "Pânico" ganhou tratamento especial da edição do programa no esforço de diminuir o impacto negativo que causou.

Como se sabe, Daniel Zukerman, o Impostor, e André Machado, produtor do programa, conseguiram se infiltrar numa cerimônia íntima, reservada a parentes e amigos de Amy, e foram fotografados no funeral da cantora em Londres.

A imagem da dupla, fingindo consternação e choro, produzida pela respeitada agência Reuters, deu a volta ao mundo e foi reproduzida por um sem número de jornais, sites e programas de televisão.

Antes de ir ao ar, no Twitter, o diretor Alan Rapp antecipou a "maquiagem" que seria vista: "Missão especial do Impostor: tapear a imprensa sensacionalista internacional". A Reuters, como se sabe, está longe de merecer este rótulo.

Numa longa introdução à invasão do talentoso Zukerman, o "Pânico" mostrou imagens de Amy em situações contrangedoras captadas por fotógrafos e cinegrafistas. "O sensacionalismo era o que movia os tablóides ingleses", disse o Impostor. "O que fizeram com a Amy é assustador", falou, como se o próprio "Pânico" nunca tivesse feito coisa semelhante com celebridades brasileiras.

Ao exibir os preparativos para a invasão, Zukerman insistiu na ideia que sua missão tinha o objetivo de "tapear a imprensa sensacionalista internacional". O que se viu em seguida foi como o Impostor tapeou a segurança que cuidava do funeral e entrou no cemitério.

Quando se deu conta de que a foto de Zukerman e Machado chorando era uma "armação", a Reuters se viu obrigada a distribuir um comunicado a todos os seus clientes, alertando-os sobre o erro que cometeu.

Diante da repercussão negativa do seu feito, o "Pânico" tinha duas opções principais: cancelar a exibição da reportagem ou exibi-la, afrontando corajosamente todos os que criticaram o programa. Optou por um terceiro caminho: exibir o que fez de forma "maquiada", como uma crítica à "imprensa sensacionalista". Decepcionante.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.