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"Agora É Tarde" apresenta um Danilo Gentili desconhecido do público

Mauricio Stycer

30/06/2011 07h04

Nem o repórter do "CQC", desagradável e inconveniente, nem o comediante de mão pesada e gosto duvidoso, conhecido do público que o acompanha em shows de stand up e no Twitter. O apresentador do talk show "Agora É Tarde", que estreou quarta-feira à noite, na Band, é um terceiro Danilo Gentili.

Tranquilo, educado, irônico,  deixando as piadas mais picantes para seus assistentes (Marcelo Mansfield, Murilo Couto e Leo Lins), Gentili foi capaz, até, de rir de si mesmo e da Band, a quem agradeceu pela oportunidade de "competir com os programas de venda de tapetes".

Mesmo ao mencionar seu eventual concorrente, o desgastado "Programa do Jô", na Globo, Gentili foi sutil. Disse que o "Agora É Tarde" conta com "uma equipe dedicada a copiar o que tem de melhor lá fora". E acrescentou, irônico: "Se o Jô não copiou, a gente vai copiar".

Além de um entrevistado por noite (na estreia, recebeu o comediante Marcelo Adnet, da MTV), o programa exibe uma série de quadros pré-gravados. Em "Passou na TV" foi apresentado um resumo de notícias ligadas à parada gay e ao preconceito contra homossexuais, concluído com um comentário de Murilo Couto: "Todo mundo vai virar gay. Eu, o Leo Lins, o Gianecchini". Gentili apenas sorriu ao ouvir a maldade.

"Agora É Tarde" ainda reservou, na estreia, uma pitada de veneno ao programa "Legendários", apresentado por Marcos Mion na Record. No quadro "Pequenos Gestos", Couto foi às ruas se oferecer para ajudar mendigos, pessoas passeando com seus cachorros, camelôs etc. "Estamos tentando mudar o mundo", disse Gentili, numa referência ao pretensioso lema do programa de Mion.

Sem patrocinadores, ainda, o programa do afável Gentili apresenta-se como uma boa alternativa ao late show de Jô Soares. Resta ver se a formula será capaz de funcionar por muito tempo e, mais difícil, se o público reconhecerá e dará apoio ao apresentador neste terceiro papel que está encarnando.

Em tempo: O programa vai ao ar às quartas e quintas, às 23h45. Mais informações e fotos podem ser vistas no UOL Televisão, aqui e aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.