Em restaurante de outro século, mulher ganha cardápio sem preço
Guias de viagem e jornais do mundo inteiro recomendam almoçar ou jantar na trattoria Da Gemma, a mais antiga de Amalfi, em funcionamento desde 1872. Não é considerado o melhor, mas um dos poucos bons restaurantes nesta adorável cidade da Costa Amalfitana, na Itália.
O seu menu apresenta as especialidades locais, em especial peixes e frutos do mar, mas de forma refinada, em porções pequenas e saborosas. O ambiente é claro, arrumado, silencioso, nada que lembre um dos inúmeros restaurantes para turista que abundam na região.
É um restaurante fino, em resumo, onde uma refeição com sobremesa e uma taça de vinho não sai por menos de 50 euros (cerca de R$ 130).
O que mais me surpreendeu no Da Gemma foi descobrir que o restaurante dispõe de dois tipos de cardápio: um com preços e outro sem. O primeiro é entregue aos homens e o outro às mulheres.
Perguntei a razão ao garçom e ele, educadíssimo, explicou em italiano: "Os homens normalmente pagam a conta". Como manifestei estranheza, ele prosseguiu: "Uma galanteria". Uma gentileza, uma cortesia, quis dizer, acho.
E antes que eu fizesse a pergunta que estava na ponta da minha língua, ele se antecipou: "Quando são duas mulheres, entregamos cardápios com preços para as duas. Não sabemos quem vai pagar a conta".
Nos Estados Unidos, é provável, um restaurante desses enfrentaria passeatas pedindo o seu fechamento. No Brasil, imagino, haveria protestos, mas também algum apoio.
Machismo? Não achei. Anacronismo? Sim. Mas não me incomodou. Com a palavra, as mulheres.
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