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Existe coisa pior na TV do que a programação de sábado à noite?

Mauricio Stycer

22/05/2011 13h28

Aos sábados, tradicionalmente, o número de aparelhos ligados cai abruptamente. Nos últimos anos, com a estabilidade econômica, caiu ainda mais. De segunda a quinta, às 21hs, o total de TVs ligadas está em 68%. No sábado, isso cai para 52%, contou Octavio Florisbal, diretor-geral da Globo, em entrevista ao UOL.

"É um monte de gente que desligou. Por que desligou? Porque saiu de casa. Essa queda sempre houve, mas está mais acentuada. Porque as pessoas estão com mais dinheiro para sair de casa", explicou.

Desconfio que a queda também se explique pela baixa qualidade da programação. Com menos gente vendo TV, é natural que as emissoras dediquem menos esforços e recursos ao que exibem aos sábados.

Zapeando na noite de ontem, mais uma vez me dei conta da tortura que é enfrentar a televisão aberta neste dia. Na Globo, o humor infame do "Zorra Total" e um filme de pouca expressão. Na Record, Rodrigo Faro se repetindo em imitações de músicos (no caso, de Thiaguinho, do Exaltasamba) e Marcos Mion beijando a bunda de Rita Cadilac.

Aliás, depois de obrigar toda a sua equipe a fazer fila para beijar a bunda da ex-chacrete, o apresentador teve a coragem de repetir o bordão do programa: "A gente pode não mudar o mundo, mas estamos tentado".

Na Band, uma novidade: o concurso Miss Minas Gerais. Apresentado por Adriane Galisteu, inautêntica como sempre, com um júri formado por fornecedores e candidatas desengonçadas, acabou sendo um programa de humor involuntário.

Na RedeTV, Marcelo de Carvalho, sem Luciana Gimenez, apresentava "Mega Senha. Ao chamar Nelson Rubens para o palco, o dono da emissora elogiou o programa do jornalista, "TV Fama", exibido na própria casa, dizendo que ele "acabou com essa viadagem" de não falar de outras emissoras no ar.

Do jeito que está, a tendência é diminuir cada vez mais o número de espectadores que permanece com o aparelho ligado aos sábados.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.