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Piadas novas, seriados copiados, novela ioiô e mais: a TV em 2010

Mauricio Stycer

20/12/2010 10h05

Ao longo do ano, fiquei diante da televisão mais tempo do que eu gostaria, mas menos do que seria necessário para fazer um balanço completo do melhor e do pior que aconteceu. Por isso, montei uma retrospectiva bem pessoal, sem a ambição de cobrir todo o seletor de canais, com os destaques, positivos e negativos, da minha aventura diante do aparelho em 2010.

Publico hoje a segunda parte, dedicada aos melhores, aos surpreendentes e aos mais que se destacaram, para o bem ou para o mal. A primeira parte, dedicada aos piores, pode ser lida aqui:

Melhor aposta: A MTV segue apostando em seus formatos curtos e originais, abrindo espaço para uma nova e talentosa geração. Marcelo Adnet já é um dos grandes nomes do humor brasileiro. Os programas "Comédia MTV" e "Furo", para citar dois, fazem a alegria do diminuto, mas barulhento, público da emissora.

Piada nova: No ano em que foi anunciada a suspensão do humorístico "Casseta & Planeta", uma nova geração ganhou espaço na Globo. Bruno Mazzeo, Fabio Porchat e turma estrearam "Junto e Misturado". Apesar do horário ingrato (quase meia-noite) e da estreia hesitante, o programa ganhou corpo e levo fé que ainda vai fazer muita graça por aí.

Novela ioiô: A malvada Clara se redimiu e voltou a ser vilã. O vigarista Fred se tornou um gênio dos negócios. Danilo foi um viciado em drogas que nunca sentiu prazer. Gerson tinha um segredo: gostava de ver pornografia na internet. Totó foi o protagonista mais Mané da história da teledramaturgia brasileira. Clô Sousa e Silva se mudou para uma mansão sem interfone. "Passione", de Silvio de Abreu, foi a novela mais engraçada e criticada do ano.

Progresso real: Demorou, mas a Record começa a dar sinais de que aprendeu a fazer reality show. "A Fazenda 3" teve bom elenco, edição mais enxuta e horário certo para começar. Só falta o Britto Jr. descobrir o que fazer… Apesar do sucesso da terceira edição, o melhor personagem do ano foi o ator Igor Cotrim, que brilhou no início de 2010, na "Fazenda 2".

Efeito bumerangue: No esforço de manter o frescor, o BBB10 confinou um drag-queen, um gay e uma lésbica assumidos, mas terminou com a vitória daquele que Boninho chamou de "ogro". O lutador Marcelo Dourado, por sinal, participou pela segunda vez, outra questionável inovação. Para 2011, o diretor prometeu liberar a "porrada", mas foi obrigado a voltar atrás.

Inspiração ou cópia?: O formato americano de comédias inspirou a linha de montagem global em 2010. Foram várias as tentativas. A melhor de todas, de longe, foi "A Vida Alheia" , sobre o mundo das revistas de celebridades. Também houve "Separação" e "S.O.S. Emergência", entre outras. Para muitos espectadores, a Globo simplesmente copiou formatos bem-sucedidos, como "Scrubs" e "Dirt".

Ai ai, ui ui: Na véspera do aniversário de 80 anos de Silvio Santos, Hebe Camargo declarou seu amor pela Rede Globo e deu adeus ao SBT. Foi o momento mais simbólico deste ano terrível do empresário e apresentador. Depois de perder a vice-liderança do mercado para a Record, o "homem do baú" assistiu a quebra do banco PanAmericano, com um rombo de R$ 2,5 bilhões, e deu em garantia todo o patrimônio do seu grupo

De volta para o futuro: O brasileiro adora novela, mas é visível a existência de uma crise no gênero. O sucesso da datada "Vale Tudo" , reprisada no canal pago Viva, mostra a carência do público. Uma solução de emergência, também adotada com frequência cada vez maior, é o "remake". Este ano foi a vez de "Ti-ti-ti", recriada com frescor e inteligência.

Tentativa e erro: Com muito menos cacife que as rivais, Band, RedeTV e Gazeta correm por fora, no esforço de morder um pedacinho da audiência. A melhor aposta da Band foi o bom jornalístico "A Liga", cujo formato pertence a uma produtora argentina. Na RedeTV, o vice-presidente estreou como apresentador , algo para se esquecer. E na Gazeta, a novidade que causou maior barulho foi a despedida de Palmirinha, do "TV Culinária".

Caixinha sem surpresas: Em mais um ano de muito futebol na televisão, o espectador sofreu como nunca com a falta de inspiração de narradores, comentaristas e repórteres. Desafiado pelo UOL Esporte, passei 16 horas seguidas zapeando diante da TV e pude constatar como o boleiro sofre.

Faltou algo? Fala que eu te escuto…

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.