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Em livro, Geisy Arruda revela que chorou na TV para levantar ibope

Mauricio Stycer

17/11/2010 10h25

"Vestida para Causar", a precoce biografia de Geisy Arruda, escrita pelo jornalista Fabiano Rampazzo, é um livro pouco comum – e não apenas porque a personagem em questão tem apenas 21 anos. Espécie de guia prático para interessados em lidar com a fama instantânea, a obra traça um retrato sem glamour algum da biografada, sugerindo que a coragem demonstrada ao enfrentar a turba da Uniban não foi nada ocasional.

Com franqueza e sem cerimônia, Geisy conta que no périplo pelos programas de televisão interessados em contar a sua história, com frequência foi convidada a exagerar nos seus sentimentos. "Eu chorei dando entrevista porque sabia que aquilo iria aumentar a audiência. (…) Teve diretor que pediu para eu chorar, porque ajudaria na audiência. E eu falei: 'tá bom'. E chorei"

Ao descrever os seus primeiros passos no mundo das celebridades, conta como descobriu que não precisava pagar nada para ficar bonita. Um cabeleireiro ofereceu mudar o seu look em troca de fotos que documentassem a operação, enviadas a uma revista. A famosa cirurgia plástica de nove horas também saiu de graça. "Foi bom pra todo mundo, foi o tipo de coisa que todo mundo saiu ganhando, eu, o médico e a imprensa, que teve uma história legal para contar", conta.

"Vestida para Causar" (Matrix, 168 págs., R$ 23) foi lançado na noite de terça-feira, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo. Pouco à vontade no papel de autora, Geisy pediu ajuda na hora de autografar o primeiro livro. "Alguém me empresta uma caneta", pediu. "O que eu escrevo?", indagou aos fotógrafos. Foi socorrida pelo editor Paulo Tadeu, que sussurrou alguns conselhos em seu ouvido. E escreveu: "Para Mauricio, com carinho! Beijos e sucesso! Geisy Arruda".

O segundo autógrafo foi para um fã, que trazia não apenas o livro, mas também a revista "Sexy", cujo último número  a apresenta num ousado ensaio sensual. A jovem autografou suas obras completas – primeiro, assinando sobre o seu corpo na revista, depois no livro.

Geisy conta na biografia que recebeu proposta para desfilar na Beija Flor em troca de manter relações sexuais com o sujeito que fez o convite. Recusou. Também faz inúmeras revelações sobre a sua vida sexual, marcada por encontros fortuitos no Carrefour de Diadema com pessoas que conheceu no Orkut ou no MSN.

Selecionei alguns trechos curiosos da obra:

"Eu não gosto de me exibir, eu gosto de ser notada"

Sobre a sua "primeira vez", aos 13 anos, com um sujeito bem mais velho: "Fomos até a casa. Quando chegamos lá, havia champanhe e vinho. Ele tinha comprado algumas frutas, morango, uva, e leite condensado também, porque ele sabia que eu gostava"

Sobre a sua preferência por policiais: "Ele foi fardado. Nossa, eu adorei. A parte da arma e do cassetete foi a melhor, eu tirei a arma dele e coloquei na escrivaninha. Então tirei a roupa dele, sou tarada por policial, foi maravilhoso. (…) Ao todo, acho que já peguei uns cinco policiais"

Sobre ter escolhido estudar Turismo na Uniban: a faculdade "tem os preços mais acessíveis às pessoas mais humildes, como eu"

Sobre o célebre microvestido rosa: "Aquele vestido já era meio antiguinho, tinha ele fazia uns dois anos, paguei R$ 50 numa liquidação da loja Revanche no shopping Plaza Sul."

"Tem gente que fuma, tem gente que cheira, eu passo gloss."

Sobre a motivação para a cirurgia plástica: "Até a Hebe Camargo me chamou de gorda. Comecei a sentir essa necessidade de ficar mais bonita, de ser aceita na sociedade"

Sobre casos com famosos: "Na verdade, eu me interesso mais pelos câmeras, pelos motoristas das televisões. (…) Peguei um motorista da Record, mas foi uma vez só e foi só um beijo"

Um balanço: "Afinal, se não me conhecem, por que tanto ódio? (…) Sei que vou ser chamada de puta para o resto da vida"

"Quero ganhar dinheiro, mas de uma maneira que eu possa depois me orgulhar, sem ter que cantar funk"

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.