Eleições em nome Dele
No retorno da propaganda eleitoral gratuita, nesta sexta-feira, escrevi um comentário sobre os programas dos dois candidatos à Presidência, publicado no UOL Eleições. Reproduzo o texto abaixo. A propaganda pode ser vista aqui.
Brasil regride séculos com programa eleitoral sobre Deus, aborto e família
De um lado Dilma, de outro Serra. No meio, "a família brasileira", esta entidade abstrata, a quem os dois candidatos resolveram se dirigir com promessas de "respeito à vida" e a Deus, como se o Brasil vivesse uma era de obscurantismo e perseguição religiosa.
Um atraso de séculos, dramatizado pelo discurso dos dois candidatos e de apelações variadas. No caso de Dilma, o já recorrente reforço do presidente Lula, que disse ter sido vítima de mentiras, como a sua candidata: "Disseram que eu ia fechar as igrejas". Já Serra, fez desfilar pela tela mulheres grávidas, enfatizando o lema que é "a favor da vida", do "dom da vida" e da "mãe brasileira".
Em sua primeira frase, Dilma disse: "Quero começar este segundo turno agradecendo a Deus por me ter concedido uma dupla graça". Serra, na imagem que abriu seu programa, apareceu discursando sobre a sua ida ao segundo turno e rogou: "Com Deus, vamos à vitória".
O programa da petista atribuiu a "uma corrente do mal" na Internet a divulgação de mentiras a seu respeito. "Dilma respeita a vida e as religiões", disse a narradora, repetindo o presidente Lula e a própria candidata.
Serra, apresentado como "do bem", mostrou como pretende confrontar a petista: "Não mudo de opinião em véspera de eleição". E repetiu seu bordão sobre "o direito à vida". E o narrador, em outro momento, lembrou que "diferente do PT de Dilma", Serra "sempre condenou o aborto".
Até ao fazer promessas de cunho objetivo, os candidatos impregnaram o discurso com palavras de apelo religioso e moral. "Para fortalecer a família brasileira, Dilma vai construir mais 2 milhões de moradias e, ao mesmo tempo, melhorar o sistema de saúde". Serra falou em "devoção às instituições democráticas".
Um desastre. Num Estado laico e democrático, é assustador ouvir os candidatos à Presidência da República recorrerem a Deus para conseguir votos.
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